São Gabriel da Palha - ES / Brasil - (14/11/2011)

14 de Novembro de 2011 - São Gabriel da Palha - ES / Brasil


Era véspera do meu aniversário de 21 anos quando recebi a ligação do meu pai, que ate então morava em São Gabriel da Palha, Espirito Santo. Pediu para que eu e meu irmão Natan fossemos para lá visitá-lo e participar de um evento que seria muito importante para ele - então fomos.

Existe três maneiras de ir para São Gabriel da Palha - Carro/ônibus, Trem/ônibus, Avião/ônibus, e nenhuma delas é rápida ou não cansativa, mas devido à melhor adaptação do tempo, fomos de ônibus/ônibus. 


Então começa a flagelada viagem de ônibus, você já sabe e espera que estará as próximas 9 horas (no minimo) preso dentro dessa grande lata de ferro com rodas, mas isso piora quando se é pobre e mal tem dinheiro pra comer na estrada kkkk.

Devido o racionamento monetário, resolvemos não descer nas paradas de ônibus para não comer, mas após 6 horas de viagem e as pernas já estarem cansadas de ficarem paradas na mesma posição, resolvemos nos levantar e tomar um café, só café.

Até ai tudo bem, entramos no recinto, pedimos um café, estávamos tomando, com mais alguns passageiros do ônibus .. até olhar pra trás e me deparo simplesmente com o ônibus dando ré e em seguida acelerando para o lado do portão..

DESESPERO TOTAL


Teve alguém que lançou um grito desesperado de "PQP o busão largo nois", nisso saiu gente correndo do banheiro com as calças no meio das pernas, gente ajoelhando, mãos na cabeça e rostos de incompreensão total.

Nesses milésimos de segundo desesperadores, olhei para o Natan - que sempre foi mais extrovertido e sem vergonha - esperando alguma reação que nos salvasse daquela situação, afinal, possivelmente um grito de "OO pera aeee", poderia ser capaz de solucionar o problema.

Mas não houve reação, e antes de virar a cabeça para o ônibus novamente, eu já estava correndo em sua direção.

Vou te falar que é como dizem, Gordinho com medo, não tem quem pega, corri como se tivesse esquecido as roubas no varal num dia de chuva ... Ninguém conseguiu alcançar o ônibus, exceto eu, que pulei na porta já xingando o motorista, que rachando os bico apenas disse "Calma, eu só vou mudar de vaga, estacionei na vaga errada e vocês ainda tem 10 minutos para lanche"


Nem acabei meu café, paguei, e eu e o Natan voltamos para o ônibus e pelo que me lembro com a maioria dos passageiros.

Natan, tem a fama de Stifler - Fraga aquele cara do American Pie, qual é loiro, olhos verdes e pega a mulher que quiser - pois é, esse é o Natan.

Não deu muito tempo de viagem após essa cena toda, e já estava sentado com uma morena em um dos bancos, e menos tempo ainda, já estava pegando.

Chegamos em Colatina e de Colatina pegamos o outro ônibus para São Gabriel da Palha, lá nosso pai já estava em nossa espera. (Estava amanhecendo)


Então fomos para casa de meu pai, reencontramos nosso irmão mais novo parte de pai - Matheus - e a Dulce, mãe do nosso irmão.

Durante o dia, demos uma descansada, conversamos e brincamos com nosso irmão, a tarde, levamos nosso irmão para um campeonato de futebol na S10 que coincidentemente estava com a tração 4x4 ligada e que eu não estava enxergando os quebra-molas nem as placas de velocidade, e nisso quem encontramos ... a mulher que o Natan havia pego dentro do ônibus, pouco tempo mais tarde, meu pai chega, e ele à conhecia, quando disse que o Natan era seu filho, a mulher começou a rir sem graça e soltou apenas aquele "30 anos né filhadaputa" bem sutil ..... e a noite saímos para um barzinho/restaurante, tudo bem tranquilo.

Eu (Adalton), Matheus e o Natan

No dia seguinte, era o tal evento, alugamos um terno e fomos para a festa no Corolla de marcha automática da Dulce... Nunca passei tanta vergonha na vida, pois estava de motorista e nunca havia dirigido um carro automático... mas foi engraçado, a cada "troca de marcha" (que não existia), eu apertava o freio como se estivesse pisando na embreagem.. 

Pensa num povo que deu cabeçada pra tudo que é canto dentro do carro nos primeiros 5 minutos kkkk 

Depois que a Dulce solicitou que eu fizesse a troca de carros, meu orgulho falou mais alto e me adaptei o suficiente para dirigir como se dirigisse o carro todo dia.

Claro que eu não fiz isso ... quando ela estava
A festa foi diversão a parte, muita coisa bacana e gente bonita, mas após algumas horas a Dulce me pediu que eu a levasse embora, veio eu o Natan, Matheus e a Dulce..

Deixamos ela em casa e fomos dar um rolê pela cidade para zuar, até que encontramos umas meninas sentadas na rua ... pqp lindas. E o Natan como sempre disparou na conversa, mas não ficamos muito por ali e fomos embora.

Já no dia seguinte, era hora de ir embora, o Natan ainda era Soldado do Exército, e como é sabido, qualquer atraso é cadeia. Então acordamos as 04h00, fomos para a Rodoviária e nosso pai me entregou R$100,00 e o dinheiro da passagem de trem.

Pegamos o ônibus e fomos para Colatina, em Colatina tínhamos que pegar um táxi até a Estação de trem e lá esperar o Trem que iria passar as 09h00 na estação. Até ai, tudo bem, depois do chá de espera até as 09h00, a estação abriu e .........

............ não tinha mais passagens disponíveis, ai sim, bateu o desespero total² 

Natan começou a resmungar que se não chegasse no quartel as 05h00 da manhã do dia seguinte, que com certeza seria preso, e devido essa distancia toda (e as mais de 09 horas de viagem necessárias) só a viagem de Trem era possivel de tempo (ônibus só saia a noite e só chegava em BH de manhã, e não daria tempo de trajar o uniforme.

Então sem muito o que fazer, voltamos para o táxi para voltarmos para a Rodoviária de Colatina.

O Taxista nos perguntou o que havia acontecido, e informamos que havia acabado as passagens, ele então propôs nos levar à uma cidade que não existia Guichês para compra de passagens, mas que o Trem parava e poderíamos então entrar no Trem e fazer a viagem. Mas nos cobraria R$80,00 até essa cidade.

Resolvemos tentar....


Bem-Vindo à cidade fantasma de Mascarenhas

Ficamos nessa cidade por mais 3 horas, e nada de Trem ou de pessoas, existiam algumas casas, que estavam fechadas e não parecia ter ninguém...

Até que finalmente o Trem chegou, custou tanto à parar que eu disse ao Natan "após o último vagão começar a passar por nós, não pense em nada, simplesmente corre e vamos pular no Trem"

Natan
... então ele parou, nem acreditei, embarcamos pela classe econômica ... olha, sou pobre e não tenho nada contra ser pobre ou querer economizar, mas a classe econômica desse Trem estava uma tristeza... Criança chorando, chão sujo, gente feia, bagunça e o caralhoaquatro.

Retirei todo o dinheiro da carteira e com os R$20,00 que sobrou da viagem de R$80,00 até Mascarenhas, averiguei que tínhamos dinheiro suficiente para duas passagem Executivas e estava sobrando R$5,00.
Após uma pequena conversa com o Natan, fomos...
Eu particularmente adoro viajar, acho ridículo uma viagem de ônibus, pois te priva da real emoção da viagem, retira sua liberdade e as lindas paisagens que podem ser aproveitadas..

Então as viagens de Trem que já fiz, eu mal sentava, ficava sempre na varandinha e fodase a cara preta de minério de ferro quando a gente chega em casa.
Foram 12 horas de viagem de Trem, (com aquela bela observação de que só tinhamos R$5,00 reais - Dividimos uma lata de Coca na 8ª hora de viagem) chegamos em BH já passava da 00h00, e para ir embora tive que pagar com o cartão de passagem da empresa na qual eu trabalhava.

Chegamos em casa mesmo lá pras 01h30 e tudo deu certo .. é uma viagem que me marcou, pois apesar das adversidades, enfrentamos sem medo (ou quase isso) e tudo ainda sim deu certo.. é o tipo de conclusão que a gente recebe de historias inacreditáveis de filmes que prova que as vezes é bom sim viver uma loucura.

"O fotografo é ruim, mas as viagem é boa"

Nenhum comentário:

Postar um comentário